E dando sequência ao “Outubro Rosa”, tema desta semana aqui no blog, vamos falar de um verdadeiro exemplo de garra, fé e superação na vida e no esporte.
Jane Karla Rodrigues, 37 anos, é paratleta brasileira e venceu o câncer de mama com vontade e intensidade, mas engana-se que esta foi a única barreira enfrentada por ela.
Logo aos três anos Jane encarou a primeira dificuldade. Uma poliomielite lhe tirou a força nas pernas e no tronco.
Apesar
das limitações físicas desde cedo, ela foi superando cada obstáculo
enfrentado, desde as motoras até o terrível preconceito.Aos
poucos o esporte começou a fazer parte do dia a dia de Jane. Uma paixão
pelo tênis de mesa teve início em 2003 e rapidamente ela chegou à
profissionalização e assim o direito de disputar competições nacionais e
internacionais.
E
os resultados começavam a aparecer. Em 2005, veio à primeira medalha. A
prata foi conquistada no Parapan de Tênis de Mesa e dois anos depois
foram duas medalhas de ouro, desta vez no Parapanamericano, no Rio de
Janeiro. Na mesma época, Jane levou o troféu de melhor atleta das
Américas e com isso a vaga garantida para os Jogos de Pequim, na China.
O momento era ótimo. A felicidade estampava o rosto da brasileira. Até que um simples exame de rotina em uma das mamas de sua mãe, um nódulo foi detectado. O câncer ainda não era confirmado pelos médicos. Então Jane seguia em frente e mais e mais medalhas ela conquistava.
Desta vez foram duas medalhas de ouro no Parapan de Tênis de Mesa de 2009. Novamente foi escolhida a melhor atleta das Américas e a classificação para disputar o Campeonato Mundial de Tênis de Mesa 2010, na Coreia do Sul. Terminou o ano em terceiro lugar no ranking mundial, a melhor colocação de um mesatenista do Brasil de todos os tempos.
Conquista da medalha no Parapan 2011 |
Mais
tarde, o nódulo de sua mãe era confirmado como câncer. A notícia pegou a
atleta de surpresa e o drama com a doença havia apenas começado.
Sua mãe precisou passar por tratamento com quimioterapia e radioterapia.
Sua mãe precisou passar por tratamento com quimioterapia e radioterapia.
Ao
ver a pessoa mais importante de sua vida passar por uma situação tão
delicada ela sentia uma forte dor no peito, que logo se tornou física,
no seio esquerdo.
Com isso ela procurou dois médicos e depois de alguns exames de ultrassom, foi informada que não era nada e apenas lhe receitaram medicamentos.
A dúvida ainda estava instalada. Foi então atrás de uma terceira opinião.
O
resultado de uma biópsia feita constatou que um pequeno nódulo era
câncer e de uma forma agressiva. Um golpe danado para atleta que ainda
vivia na expectativa de recuperação da mãe.
Uma pausa no tênis de mesa para a partir de agora lutar contra o adversário mais difícil de sua vida.
A cirurgia foi um sucesso. Com a quimioterapia, Jane foi perdendo seus cabelos, engordou quase 12 kg e sentia muita fraqueza.
Terminava ali a primeira fase do tratamento. E dava início à radioterapia. Em sua primeira consulta caiu e machucou o pé. O retorno ao tênis era adiado.
A queda dos cabelos era natural devido ao tratamento |
Em 2011, ela e sua mãe enfim concluíram a radioterapia.
No
mês de setembro foi para a Europa se preparar para dois campeonatos
importantes na modalidade. E de lá ele recebeu uma notícia nada
agradável.
Sua
mãe havia passado mal e estava internada no hospital com problemas
motores. Mesmo abalada, Jane permaneceu e conquistou o seu primeiro ouro
em solo europeu.
Na
volta ao Brasil, mais um drama. O câncer de sua mãe havia voltado e
agora com uma lesão no cérebro. Mais uma cirurgia e outras sessões de
quimioterapia e radioterapia. Após a recuperação de sua mãe, Jane seguiu
para Guadalajara, onde disputaria os Jogos Parapanamericanos.
Em meio a tudo isso, ela conquistou o outro no tênis de mesa e garantiu vaga para as Paraolimpíadas de Londres 2012. Um sonho realizado.
De quebra o direito de conduzir a bandeira brasileira no encerramento do evento.
Agora era se preparar para o campeonato mais importante que ela disputaria na terra da rainha.
Jane nos Jogos de Londres |
No
fim de abril, a quatro dias da viagem da delegação brasileira para a
Europa disputar mais dois torneios antes dos Jogos de Londres, sua mãe
voltava a ter problemas motores. Rapidamente foi operada. No dia
seguinte ela (Jane) partiu com os outros atletas.
Já em solo Europeu, ela dava continuidade na rotina de treinamentos e bastante preocupada com quem havia deixado no Brasil.
E para piorar, o estado de saúde de sua mãe estava se agravando e seus familiares pediam para que ela retornasse ao país. Com a notícia que ela havia melhorado, a paratleta decidiu ficar para o segundo campeonato.
Um dia antes da primeira partida, seu primo ligou e pediu desesperadamente que Jane voltasse. No meio do voo, ela era informada sobre o falecimento de sua mãe. Um duro golpe em Jane. Era o momento mais difícil que ela passara. Naquele instante, a sensação era como se havia perdido a disputa mais importante da sua vida.
Jane ao lado da mãe e filha |
A
vontade era de desistir de tudo. Jane era filha única e contava sempre
com o apoio daquela que a colocou no mundo. Ela se perguntava.
Porque tudo tinha que ser tão difícil? Porque tanta dor?
Porque tudo tinha que ser tão difícil? Porque tanta dor?
Apesar do sofrimento, ela fez daquele cenário um verdadeiro combustível para novos desafios que estavam por vir.
Já recuperada e de cabeça erguida, Jane foi para Londres sabendo das dificuldades que encontraria. Desta vez, ela não obteve os resultados que desejava, porém, na volta, ao relembrar os problemas que havia passado, preferiu agradecer a Deus.
Agradecer a chance de viver e de ser mãe.
Sim, Jane é casada e tem dois filhos.
A meta agora são as Paraolimpíadas aqui no Brasil, em 2016, no Rio de Janeiro. Serão três anos de preparação até lá.
Sobre o câncer, Jane seguiu fazendo acompanhamento médico. Fica uma lição para todos nós. Jane lutou e venceu. Mas esta luta requer coragem, saber que o mais importante não é encarar a doença como uma certeza da morte, e sim olhar para ela com pensamento positivo e acreditar que a superação faz toda diferença no final.
Sonhe, acredite e seja feliz.
Paz e bem!
Até a próxima.
Fotos: Blog do câncer
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